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A artilharia política no Facebook

 

Com quase 100 milhões de usuários no Brasil, a rede social ganha peso no jogo eleitoral e projeta novos protagonistas no debate. Mas, como em toda guerra real ou virtual, a verdade é a primeira vítima

Se a internet serviu de palco para importantes batalhas nas eleições de 2010, poucos duvidam de um papel ainda mais decisivo na corrida presidencial deste ano. A quatro mesesdas eleições, a movimentação dos partidos políticos nasredes sociais é intensa. A candidata à reeleição Dilma Rousseff, do PT, e os presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) começaram a montar seus bunkersdigitais, com uma previsão de gastos superior a 30 milhões de reais. Não é um tiro no escuro. Atualmente, 105 milhões de brasileiros têm acesso à internet, atesta o Ibope Media. Desse universo, ao menos 76 milhões desfrutam de conexão doméstica. É o mesmo número de cidadãos com contas ativas no Facebook, segundo o último balanço da companhia, divulgado em setembro do ano passado.

A rede social criada por Mark Zuckerberg é, por sinal, amenina dos olhos dos marqueteiros digitais. Não apenas pela impressionante expansão no País – em 2010, havia pouco mais de 8,8 milhões de brasileiros cadastrados no Facebook –, mas pelo inestimável patamar alcançado por determinadas páginas a partir de investimentos relativamente modestos. O fenômeno da TV Revolta é emblemático. Notabilizada por um disfarce de niilismo político cujo objetivo, no fundo, é atacar o PT, a página tem mais de 3,5 milhões de seguidores e alcança mais de 27 milhões de internautas.

O número varia ao longo do dia e está estampado no índice “falando sobre isso” do Facebook. Tal indicador mede, na prática, a quantidade de usuários que compartilham, comentam, respondem ou interagem de alguma maneira comqualquer evento ou assunto relacionado ao conteúdo da página. Por esse quesito, a TV Revolta supera de longe perfis como o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (167 mil “falando sobre isso”), da presidenta Dilma Rousseff (215 mil) ou até do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama (715 mil). Além disso, um público de 27 milhões é superior àquele de muitos dos telejornais de maior audiência da tevê aberta.

De janeiro a abril deste ano, o Jornal Nacional, da Rede Globo, registrou média de 25,4 pontos no Ibope. Cada ponto representa 217.460 domicílios e 641.286 indivíduos no Painel Nacional de Televisão (PNT), amostra que estima a audiência em todo o Brasil. Ou seja, o telejornal é visto, em média, por 16,2 milhões de brasileiros diariamente, bem abaixo do número de internautas que, de alguma forma, têm acesso ao conteúdo do TV Revolta.

“É verdade que a exposição na televisão é de outra natureza, os indivíduos param para assistir ao telejornal. Mas não é uma comparação absurda, pois o Facebook permite a interação entre os usuários, e tem muita gente dedicando seu tempo à TV Revolta, seja para compartilhar, curtir seus conteúdos, seja para criticar”, avalia Fábio Malini, coordenador do Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura da Universidade Federal do Espírito Santo (Labic). A pedido deCartaCapital, o especialista mapeou o espectro conservador no Facebook. Identificou mais de 1,1 mil páginas, com 56,4 milhões de seguidores. Juntas, somavam mais de 42,5 milhões de usuários comentando seus posts na quinta-feira 22. E a TV Revolta correspondia a cerca de 60% dessa interação.

O canal desenvolve uma estratégia peculiar: combinar humor de gosto duvidoso com militância política. Ao mesmo tempo que reproduz piadas toscas e vídeos apelativos, compartilha supostas denúncias, muitas vezes apócrifas, e ataques contra políticos. Os alvos preferidos são o governo Dilma Rousseff e o PT. Na TV Revolta são veiculadas montagens simples, com frases curtas, contra, entre outros, o Bolsa Família e o Marco Civil da Internet, além de chacotas sobre a prisão de condenados no “mensalão”. O perfil também elegeu um ídolo, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa.

Não são poucos os exemplos de frases falsas atribuídas a autoridades, além de informações adulteradas ou incorretas. Uma das montagens traz a imagem de Barbosa com o dedo em riste, como se apontasse para o internauta, acompanhada da seguinte frase: “Eu mandei cassar mandatos, mandei prender mensaleiros e apliquei punições aos criminosos. Agora, se você votar nesses tipos de malandros de novo, o problema é seu”. Recentemente, atribuiu a Lula a declaração de que o Bolsa Família é uma ferramenta para “controlar o povo”. Basta uma rápida pesquisa no Google para perceber a fraude. A TV Revolta usou um vídeo antigo do ex-presidente no qual ele fala sobre a compra de votos no interior do País, em uma época em que ainda não existia o benefício.

Apesar de mentirosa, a publicação fez com que mais de 22 mil internautas recomendassem a “notícia” aos amigos. Sem contar os mais de 600 usuários que “curtiram” o conteúdo e os outros 195 comentários raivosos deixados na página contra o ex-presidente. Ninguém da comunidade da TV Revolta parece duvidar da informação, mas o próprio autor da página admite sua “criatividade” na hora de publicar. “Entretenimento e informação trabalham juntos desde a popularização do cinema.”

O responsável pelo canal é João Vitor Almeida Lima. Radialista de 32 anos, ex-sonoplasta da MTV e TV Bandeirantes, Lima mora em São Paulo. Apesar de aparecer sem máscara ou trajes diferentes nos vídeos compartilhados pelo Facebook, diz interpretar um personagem fictício criado em 2009: o João Revolta. Nos vídeos, opina sobre política ou problemas atuais, quase sempre contra o governo ou algum projeto petista. “A filosofia de João Revolta é usar a linguagem informal para atrair o telespectador”, disse Lima ao site youPix.

Personagem ou não, a repercussão e o tom das críticas do radialista chamaram a atenção do exército de militantes do PT na web. Insatisfeitos com as mensagens disseminadas na página, os petistas fizeram inúmeros comentários no perfil da TV Revolta. E passaram a denunciá-la. “É evidente que estamos fazendo uma campanha contra o PT, já que 99,9% do nosso público apoia e quer a derrota do PT nas próximas eleições”, escreveu Lima.

O caso também alertou aliados do governo. Eles se impressionam com o crescimento exponencial da audiência do perfil. O portal Vermelho, do PCdoB, aliado de primeira hora do PT, publicou reportagem na qual afirma que não seria possível uma página subir tanto em audiência sem um investimento pesado. Um mecanismo criado pelo Facebook permite que empresas tenham suas publicações exibidas na lista de interesses de usuários comuns, desde que paguem por isso. O criador da TV Revolta assegura, porém, que a expansão da página é “orgânica”, gerada pela procura natural por um assunto ou conteúdo na internet.

Se é verdade, trata-se de um fenômeno único. De acordo com dados da Social Bakers, uma das maiores empresas na análise de dados de redes sociais, a TV Revolta foi a página na categoria mídia que mais cresceu na rede social no mundo na segunda semana de maio. Superou o próprio Facebook, segundo colocado na lista. Entre as páginas brasileiras figura no topo até mesmo na categoria geral, que inclui perfis de marcas, mídias, entretenimento, celebridades e esportes. É ainda o segundo perfil no Brasil que mais aumentou seu número de fãs no Facebook no último mês, atrás da página brasileira da Fifa na rede social.

É para fazer frente às campanhas difamatórias que os petistas justificam o elevado investimento em sua campanha virtual, cerca de 12 milhões de reais. A Pepper Interativa, que cuidou da campanha de Dilma em 2010, ficou responsável pelos canais do PT na internet e pela administração dos perfis da presidenta no Facebook e no Twitter. A agência dispõe de ferramentas capazes de rastrear robôs, perfis falsos e centrais de boataria. As informações são repassadas para a militância petista, encarregada de desfazer os boatos e denunciar o jogo sujo dos adversários. A coordenação da campanha de Dilma na internet, contudo, está nas mãos de Franklin Martins, ex-ministro de Lula.

“Esperamos usar as redes sociais para o debate de ideias. Se o outro lado apelar para o jogo sujo, vamos denunciar. A internet não é um terreno de bobos”, afirma Martins. “Em 2010, José Serra usou a internet para discutir religião, aborto, temas sem a menor relação com a disputa eleitoral, apenas para difundir o medo na população. E o que houve depois? Perdeu as eleições, não conseguiu nem se eleger prefeito em São Paulo.”

O jogo promete ser duro. Na noite da segunda-feira 19, Jeferson Monteiro, o jovem e talentoso criador do perfil satírico Dilma Bolada, com mais de 1,1 milhão de seguidores, revelou ter recebido propostas para atuar na campanha do PSDB. “Primeiro, fui procurado por uma agência de publicidade. Ela disse que a equipe do Aécio Neves estava interessada em comprar a página. Especularam que poderia ganhar 500 mil reais. Jamais tive a intenção de vendê-la, mesmo assim dei corda à negociação, para ver até onde ia a cara de pau desses tucanos. Foi quando fui procurado pelo Pedro Guadalupe”, resumiu a CartaCapital.

Profissional de 

marketing digital

, Guadalupe tem dois sites registrados em seu nome para fazer oposição à presidenta (Dilma Mente e Muda Mesmo). Coleciona dezenas de jingles políticos que satirizam problemas na gestão petista, além de páginas no Facebook para repercutir o conteúdo. Assessorou ainda a Juventude do PSDB a montar o site PTbras, para explorar as denúncias contra o governo no escândalo da estatal petrolífera.  Apesar da longa lista de trabalhos prestados, Guadalupe alega ter feito tudo de graça, para agradar a um cliente em potencial. “Eu queria mostrar meu trabalho para o PSDB. Tinha um plano de bolar alguma coisa para trabalhar no marketing da campanha.”

 

Ele admite ter negociado com o criador de Dilma Bolada, mas assegura nunca ter falado em nome do PSDB. “Nunca nem vi o Aécio pessoalmente”, argumenta. Guadalupe já trabalhou na campanha do PT pela prefeitura de Belo Horizonte em 2012. Mas decidiu mudar de lado. “A comunicação do PT é todo estruturada na internet. Como eu vou competir com o Franklin Martins, o Sérgio Amadeu e o Marcelo Branco? Onde eu poderia conseguir espaço em campanha de internet? No PSDB.”

O projeto foi para o ralo. O marqueteiro de Aécio Neves, Paulo Vasconcelos, teve de apagar o incêndio e negou que a campanha tivesse incentivado qualquer aproximação com Jeferson Monteiro. Ficou o dito pelo não dito, para a paz de Xico Graziano, coordenador da campanha de internet de Aécio.

por Renan Truffi e Rodrigo Martins — publicado 27/05/2014 08:39, última modificação 27/05/2014 17:42

 

Maranhão tem 161 escolas com nome dos Sarney

No ano em que foi declarado patrono da educação brasileira, Paulo Freire (1921-1997) ficou menor no Maranhão. Por decisão da Secretaria estadual de Educação, o nome do educador será apagado da fachada do prédio anexo de uma escola pública de Turu, bairro de São Luís. Em seu lugar, será pintado o novo nome da escola: Centro de Ensino Roseana Sarney Murad. Os uniformes dos alunos já foram mudados.
No Maranhão, o sobrenome Sarney já está em 161 escolas, mas a mudança em Turu não deve ser interpretada apenas como mais um sinal do culto à família de Roseana. Para a direção da escola, o importante é ter a certeza de que o nome da governadora pintado na fachada atrairá mais recursos e outros paparicos da administração central de um estado onde 61% das pessoas, com 10 anos de idade ou mais, não chegaram a completar a educação básica (de acordo com dados do Censo 2010). Isso é sarneísmo, movimento político liderado pelo senador José Sarney (PMDB), que comanda o Maranhão há quase cinco décadas.
- Sarney nem mora aqui. Seu controle só é ativado em momentos muito específicos - disse o professor Wagner Cabral, do Departamento de História da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Sarneísmo, uma história de 47 anos
Reportagem publicada ontem no GLOBO revelou a existência de uma rede de falsas agências de turismo que fornece mão de obra barata, arregimentada no interior do Maranhão, para a lavoura de cana-de-açúcar e para a construção civil do Sudeste e do Centro-Oeste. Para os especialistas ouvidos pelo jornal, o fenômeno é resultado de uma perversa combinação de fatores, da má distribuição da terra à tragédia educacional no estado, todos fortemente associados ao sarneísmo.
Desde 1965, quando José Sarney (PMDB) assumiu o governo maranhense, o grupo do atual presidente do Senado venceu dez eleições para governador, chefiou o Executivo local por 41 anos e só perdeu o controle político do estado em duas ocasiões: quando o aliado e então governador José Reinaldo Tavares rompeu com o sarneísmo, em 2004, e dois anos depois, quando Jackson Lago (PDT) derrotou sua filha e herdeira política, Roseana, que concorria ao terceiro mandato de governadora. Mesmo assim, por pouco tempo: em 2009, Lago teve o mandato cassado por compra de votos.
O sarneísmo é um movimento diferente de outras correntes políticas, como o getulismo ou o brizolismo. Não se sustenta na adoração da figura do líder e nem tem uma base popular. Em lugares como Codó, Timbiras e Coroatá, cidades a 300 quilômetros de São Luís, que formam uma espécie de enclave do trabalhador barato no interior do estado, só se vê o nome Sarney em prédios públicos. Todavia, a cada abertura das urnas eleitorais, a família reafirma um poder que nem a estagnação econômica foi capaz de ameaçar.
- De um lado, Sarney é homem de ligação com o governo federal. Tem poder em Brasília por ser uma peça fundamental no jogo da governabilidade. De outro, mantém as prefeituras de pires na mão - sustenta Wagner Cabral.
- Ele fala por uma questão ideológica e política. Sarney proporcionou um salto de progresso no estado. Os fatos históricos são diferentes - rebate o jornalista Fernando César Mesquita, porta-voz de Sarney.
No Maranhão, a força do sarneísmo está na pequena política. Quando descobriu que a escola Paulo Freire, onde trabalha, seria rebatizada com o nome da governadora, a professora Marivânia Melo Moura começou a passar um abaixo-assinado para resistir à mudança. A retaliação não demorou:
- A direção ameaçou transferir-me - disse a professora, que mora no mesmo bairro da escola e vai de bicicleta ao trabalho.
A Secretaria de estado da Educação alega que o anexo da escola Paulo Freire mudou de nome porque foi incorporado à estrutura, já existente, do Centro de Ensino Roseana Sarney Murad, "devido à necessidade de uma estrutura organizacional, com regimento, gestão e caixa escolar próprios, no referido anexo".
O Maranhão, onde quase 40% da população é rural, é uma espécie de campeão das estatísticas negativas. Enquanto o Brasil tem 28% de trabalhadores sem carteira assinada, o percentual no estado supera os 50%. Na relação dos 15 municípios brasileiros com as menores rendas, listados pelo IBGE, nada menos do que dez cidades são maranhenses. O chefe do escritório regional do Instituto, Marcelo Melo, acrescenta ainda que apenas 6% dos maranhenses estudam em cursos de graduação, mestrado e doutorado. Separados, os números já assustam. Se combinados, o efeito é devastador.
- O resultado desses índices de qualificação é uma mão de obra de baixa qualidade.
O professor Marcelo Sampaio Carneiro, do Centro de Ciências Sociais da UFMA, explicou que a estrutura do mercado de trabalho no Maranhão possui duas características principais. A primeira é a elevada participação do trabalho agrícola no conjunto das ocupações, com destaque para os postos de trabalho gerados pela agricultura familiar. Por conta de diversos fatores, ele disse que tem havido uma forte destruição de postos de trabalho nesse setor. De acordo com o Censo Agropecuário, em 1996 existiam 1.331.864 pessoas ocupadas no campo maranhense; em 2006 esse número baixou para 994.144 pessoas. Isso explica, por exemplo, o arco de palafitas miseráveis que cerca o centro histórico de São Luís.
A segunda é a inexistência de ramos industriais dinâmicos que consigam absorver essa oferta de mão de obra, já que a principal atividade industrial no Maranhão é o beneficiamento primário de produtos minerais, como a fabricação de alumínio e alumina pela Alumar e a produção de ferro-gusa por pequenas unidades fabris instaladas ao longo da Estrada de Ferro Carajás. Por esse motivo, o estado, que nos anos 50, 60 e 70 do século passado recebia migrantes, passou, a partir dos anos 1980, a exportar mão de obra. E nem mesmo a sistemática transferência de recursos, via programas sociais, foi suficiente para deter esse esvaziamento:
- A transferência de renda pode até livrar as famílias da fome, mas não é capaz de dinamizar a economia da região - disse Carneiro.

Falha em sistema de resfriamento pode causar nova explosão, diz empresa. 
Usina foi danificada por conta do tremor de magnitude 8,9 na véspera.

 

 Do G1, com agências internacionais

O operador da usina nuclear atingida pelo terremoto que sacudiu o Japão anunciou este domingo (no horário local) que o sistema de resfriamento de um outro reator não está funcionando e corre o risco de explosão.

"Todas as funções de manutenção dos níveis de refrigeração do reator de número 3 falharam na usina número 1 de Fukushima", afirmou um porta-voz da empresa operadora, Tokyo Electric Power.

"Por volta das 5h30 (de domingo, 17h30 de sábado, hora de Brasília), a injeção de água parou e na parte interna a pressão está subindo levemente", afirmou, acrescentando que a operadora emitiu um relatório de emergência para o governo sobre as condições da usina.

Mais cedo, o governo japonês informou à Agência Internacional de Energia Atômica  das Nações Unidas que houve um início de aumento da radioatividade após um acidente em outro reator de Fukushima 1, mas que os níveis "vem diminuindo nas últimas horas".

De acordo com a AIEA, autoridades japonesas informaram que a explosão na central nuclear de Fukushima ocorreu fora do recipiente primário de contenção. "A empresa que opera a unidade, Tokyo Eletric Power, confirmou que o recipiente primário de contenção está intacto", diz um comunicado.

O acidente nuclear chegou a ser avaliado no nível 4 numa escala que vai até 7, segundo a Agência de Segurança Nuclear e Industrial do Japão.

A explosão na usina foi decorrência do forte terremoto de magnitude 8,9 que atingiu a costa do país na véspera, gerando um tsunami devastador e mais de cem fortes réplicas.

A preocupação em relação à possibilidade de contaminação nuclear persiste, apesar de o governo japonês ter tranquilizado a população em relação às consequências do desastre.

De acordo com a AIEA, o governo do Japão eu início à retirada de cerca de 140 mil pessoas da área próxima à usina. Estima-se que 110 mil pessoas já deixaram a área num raio de 20 km próxima a uma das usinas. 

Para se ter uma ideia da dimensão do problema, o acidente em Three Mile Island, nos EUA, em 1979, ficou no nível 5, e o de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, no grau 7 da INES (Escala Internacional de Eventos Nucleares).

Na escala, o nível 0 corresponde à ausência de anomalias, e o 7, a um acidente grave. No nível 4, o envento já pode ser considerado um "acidente".

mapa usina fukushima (Foto: Arte G1)

A explosão que fez com que parte do prédio que comporta o reator número 1 derretesse. No entanto, o governo afirmou que o exterior do reator não foi danificado e pediu que a população local mantenha a calma.

Ainda assim, as autoridades ordenaram a retirada dos habitantes a um raio de 20 km da usina.

O porta-voz do Estado, Yukio Edano, acrescentou que a radiação no local havia "diminuído bastante" após a explosão.

Rússia se previne
O premiê da Rússia, Vladimir Putin, ordenou a verificação dos planos de emergência na zona oriental do país, apois o incidente na usina japonesa, informou a agência de notícias Ria-Novosti.

O primeiro-ministro falou sobre o assunto numa reunião com o titular da Energia Igor Setchine, com o responsável pela agência russa de energia nuclear Rosatom, Serguei Kirienko, e que contou com a participação do vice-ministro das Situações de Emergência, Rouslan Tsalikov.

As autoridades russas, no entanto, mostram-se tranquilas em relação à possibilidade de poluição radioativa.

Contêineres varridos pelo tsunami neste sábado (12) na cidade de Sendai, bastante fetada pelo tsunami (Foto: AP)Contêineres varridos pelo tsunami neste sábado (12) na cidade de Sendai, bastante afetada pelo tsunami (Foto: AP)

Mortos
A polícia do Japão elevou neste sábado (12) para 637 o número de mortos vítimas do terremoto de magnitude 8,9 que abalou a coista nordeste do país na véspera, gerando um devastador tsunami, que varreu partes da costa da ilha de Honshu. Também há 653 desaparecidos e 1.040 feridos.O número de vítimas, porém, ainda não é definitivo e pode, de acordo com estimativa do próprio governo, superar os mil mortos. A agência Kyodo fala em 1.700 mortos.

Militares encontraram entre 300 e 400 corpos no porto de Rikuzentakata, informou o Exército neste sábado. Em outra cidade portuária, Minamisanriku, havia cerca de 10 mil desaparecidos, segundo a TV local.

O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, informou que 50 mil militares se dedicarão aos trabalhos de resgate nas províncias afetadas do nordeste do país.

Cerca de 190 aviões e 25 navios já foram destacados para as tarefas de busca, nas quais forças americanas colaborarão com seus navios para o transporte de efetivos do Exército japonês.

Na província oriental de Iwate, algumas cidades foram varridas do mapa pelo tsunami originado pelo tremor.

Em Sendai, cidade com 1 milhão de habitantes que é capital da província de Miyagi, entre 200 e 300 pessoas se afogaram devido ao tsunami, e seus corpos estavam sendo recuperados, segundo a polícia local.

Segundo a "Kyodo", há pelo menos 3.400 edifícios destruídos no Japão devido ao terremoto, que causou ainda pelo menos 200 incêndios no território japonês.

Sétimo pior da história
O tremor foi o 7º pior na história, segundo a agência americana, e também o pior já registrado no Japão.

Houve um alerta de tsunami para diversos países da costa do Oceano Pacífico, mas a chegada das ondas a estes locais causou apenas danos menores, e o alerta foi cancelado. Milhares de moradores foram retirados por precaução.

 

 

Década da ONU sobre Desertos e combate à Desertificação

As Nações Unidas lançarão, oficialmente, durante a abertura da II Conferência Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Áridas e Semiáridas (Icid 2010), a Década da ONU sobre Desertos e de Combate à Desertificação

Como parte dos esforços para conter o acelerado processo de desertificação enfrentado por mais de 100 países e para mitigar os impactos do aquecimento global em regiões áridas e semiáridas do planeta, as Nações Unidas lançarão, oficialmente, durante a abertura da II Conferência Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Áridas e Semiáridas (Icid 2010), a Década da ONU sobre Desertos e de Combate à Desertificação. O evento acontece de 16 a 20 de agosto, em Fortaleza (CE).

O lançamento global da Década será conduzido pelo Secretário Executivo da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD), Luc Gnacadja, na presença dos Ministros do Meio Ambiente do Brasil, da Suíça, do Niger, de Burkina Faso, do Senegal e de Cabo Verde, além do governador do Ceará, Cid Gomes, do coordenador da Icid 2010, Antônio Rocha Magalhães, e diversas autoridades envolvidas na agenda de combate à desertificação.

Será uma década de discussões, debates e buscas de soluções para os problemas enfrentados por muitos países no mundo, prevê Gnacadja.

A Década das Nações Unidas sobre Desertos e de Combate à Desertificação pretende ser um marco de conscientização sobre as dimensões alarmantes da desertificação em todo planeta, e de cooperação entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento, e entre os setores público, privado e sociedade civil, na elaboração de políticas de prevenção e de adaptação às mudanças climáticas nas áreas consideradas de risco.

A UNCCD considera áreas com risco de desertificação as zonas áridas, semi-áridas, subúmidas, e todas as áreas, com exceção das polares e das subpolares, com Índice de Aridez entre 0,05 e 0,65. Trinta e três por cento da superfície do planeta se encontram nessa faixa, atingindo de 2,6 bilhões de pessoas.

Na região Subsaariana, na África, de 20% a 50% das terras estão degradadas, atingindo mais de 200 milhões de pessoas. A degradação do solo é também severa na Ásia e América Latina, onde mais de 357 milhões de hectares são afetados pela desertificação, segundo dados da UNCCD. Como resultado desse processo perde-se a cada ano, nos 11 países da América Latina, 2,7 bilhões de toneladas da camada arável do solo, o que equivale a um prejuízo de US$ 27 bilhões por ano.

Custo elevado

Segundo estudo sobre os custos da desertificação na América Latina, conduzido pelo representante da UNCCD na América Latina, Heitor Matallo, mesmo considerando que a metodologia existente para a avaliação econômica deve ser aperfeiçoada, a fim de oferecer dados mais precisos, as estimativas das perdas em solos e recursos hídricos representam uma enorme perda econômica que afeta milhões de pessoas e contribui para a pobreza e a vulnerabilidade social.

No Brasil, onde mais de um milhão de quilômetros quadrados é afetado pela desertificação nos estados do Nordeste, Minas Gerais e Espírito, o custo das perdas de solo e de recursos hídricos chegam a US$ 5 bilhões por ano, o equivalente a 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB), e afetam negativamente a vida de mais de 15 milhões de pessoas.

Caso a previsão mais pessimista se confirme, de que a temperatura do planeta suba mais de 2 graus celsius, até 2100 o país poderá perder até um terço de sua economia.

(Cadija Tissiani, da Assessoria de Imprensa do Ministério do Meio Ambiente 04 de Agosto de 2010
).



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 Mudanças na Antártica


Mudanças no ambiente antártico influenciam o Brasil muito mais do que imaginamos. Estudos recentes mostram que fenômenos que ocorrem no continente gelado afetam processos de desertificação e formação de ciclones na América do Sul

Sim, o Brasil é um país tropical e bonito por natureza. Mas não é só porque temos um longo verão na maior parte de nosso território que devemos esquecer o frio que vem lá de baixo.

Os processos ambientais na Antártica têm grande influência no clima e na biodiversidade dos oceanos brasileiros, lembram um glaciólogo, uma oceanógrafa e um geofísico em simpósio da reunião anual da SBPC, que acontece esta semana em Natal. O objetivo das apresentações era desmistificar a ideia de que a Antártica está longe e não tem relações diretas com o Brasil.

Não por acaso: parte do Sul do país fica mais perto do continente gelado do que da própria Amazônia. A distância da estação brasileira na Antártica até Chuí é de 3.172 km, explica Jefferson Simões, o primeiro glaciólogo brasileiro, à CH On-line. De Chuí a Porto Velho, em Roraima, são 4.177 km!

Simões relata ainda outro fato curioso para comprovar como a Antártica é nossa vizinha. Cerca de três vezes ao ano, uma massa de ar frio vinda desse continente adentra o território brasileiro e causa uma queda brusca de temperatura no Acre, a mais de seis mil quilômetros de distância do seu ponto de origem.Mudanças lá, reflexos aqui.

O geofísico Heitor Evangelista, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), apresentou resultados de estudos que comprovam a influência das variabilidades climáticas e glaciais da Antártica na América do Sul.

Um desses estudos analisou a concentração de metais nos últimos séculos da península antártica.

Descobriu-se que a concentração de alumínio nessa região mais que dobrou durante o século 20. Esse dado coincide, segundo os cientistas, com o aumento de um grau na temperatura média do hemisfério sul: um padrão que tem paralelo com a desertificação na Patagônia e no norte da Argentina.

Já outro estudo aponta que a quantidade de gelo na Antártica está ligada à formação de ciclones na América do Sul. No verão, quando há menos gelo, a formação de ciclones no continente americano é menor, e vice-versa.

Os motivos por trás dessas ligações, no entanto, ainda são desconhecidos. "De que forma acontecem essas correlações ainda é uma questão em aberto", explica Evangelista.

Já oceanógrafa Lúcia de Siqueira Campos, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro do Comitê Nacional de Pesquisas Antárticas, apresentou o intercâmbio entre a incrível biodiversidade dos oceanos antárticos e o ecossistema marinho da América do Sul.

Essas trocas, segundo ela, podem estar ameaçadas por causa do aquecimento acelerado da península antártica. Cabe aos cientistas investigar de que forma essa mudança de temperatura no continente pode transformar os mares dali, e, quiçá, também os brasileiros.

(Isabela Fraga, da Ciência Hoje On-line)
JC e-mail 4063, de 29 de Julho de 2010.

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Campanha do plebiscito do Limite da propriedade da Terra.


O Brasil é o 2º país do mundo em concentração da propriedade da Terra, não possui zoneamento agrícola, possui boa parte da produção voltada pro exterior, não garante a produção do alimento que o povo brasileiro consome, e é o maior consumidor de agrotóxico do mundo. O processo de expropriação é tão intenso que mais de 80% da população vive em cidades.
Ao mesmo tempo vivemos uma década de intensa criminalização dos movimentos e da pauta da reforma agrária. A bancada ruralista no congresso e na mídia deturpa e confunde à classe trabalhadora sobre a realidade brasileira.
É nesse contexto que surge o debate pelo limite da propriedade da Terra. A burguesia nacional é tão entreguista que foi incapaz de realizar uma reforma agrária no Brasil, e seguimos com uma estrutura fundiária herdada da colonização.
Agora a reforma agrária só poderá ser realizada pelo povo brasileiro, a partir da organização e pressão popular.
A partir disso ocorrerá do dia 1 ao 7 de setembro o plebiscito popular pelo Limite da Propriedade da Terra. O plebiscito popular é uma forma de intervenção um pouco mais direta do povo no Estado, pois se se alcançar um milhão de votos em cima de um tema o senado será obrigado a discuti-lo.

Mas o plebescito só acontece se o povo o fizer, e aí entra a necessidade de nós intervimos. Por todo o Brasil estão rolando comites de campanha pra realizar esse plebiscito, e ele precisa muito de gente e de conteúdo. Por isso é central que agente construa o plebiscito, participando dos comites, organizando nos bairros, fazendo o debate com o povo e garantindo as urnas pra votação.
O plebiscito popular não é feito pelo estado, não se é obrigado a votar e nem rola urna por aí. Só acontece o que o povo se mobiliza pra fazer.
Essa é uma possibilidade do povo e dos movimentos sociais colacarem na mesa a realidade sobre o campo brasileiro, e sobre o quanto quem se aproveita disso é o capital financeiro internacional. No mais devemos ficar atentos pras nossas responsabilidades históricas galera, assumir a tarefa de socializar o acúmulo que agente tem acesso!

O site da campanha é www.limitedaterra. org.br

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Risco para o Brasil é mínimo, mas existe.
Onda gigante devastaria cidades costeiras da Paraíba, invadindo lugares com até 10 km de distância do litoral


Os autores da idéia são os geofísicos Steven Ward (Universidade da Califórnia em Santa Cruz) e Simon Day (University College de Londres).


Eles publicaram em 2001 no periódico "Geophysical Research Letters" uma simulação mostrando o que aconteceria se entrasse em colapso uma parte do vulcão Cumbre Vieja, no arquipélago das Canárias, a menos de 200 km da costa noroeste da África.

Uma avalanche de 500 km3 de terreno dentro do oceano elevaria a água cerca de 900 m, concluíram os computadores de Ward e Day.

A oscilação se propagaria em ondas sucessivas, cada vez menores, por todo o Atlântico. Fora as ilhas, o primeiro estrago seria sentido uma hora depois na costa africana, com tsunamis de 50-100 m.

No que toca ao Brasil, o estrago ocorreria seis horas depois do colapso do vulcão. Iria de Fernando de Noronha e  da Paraíba  até o Amapá. Ondas de 4 m a 18 m se abateriam sobre capitais como Fortaleza, Natal, João Pessoa e São Luís.

Vários pesquisadores brasileiros conheciam a pesquisa de Ward e Day e a mencionaram logo após a tragédia na Ásia. Um dos primeiros foi o físico Celso Pinto de Melo, da Universidade Federal de Pernambuco, que escreveu um artigo para o informativo "Jornal da Ciência".

Melo afirmava no texto que as probabilidades de um evento desses seriam "minúsculas", mas que, na escala geológica de tempo (milhões de anos), até as coisas mais improváveis acabam acontecendo.

Lembrou que a vila de São Vicente, no litoral paulista, foi assolada em 1542, pouco após sua fundação, por ondas que se supõe tenham alcançado 8 m de altura e avançado 150 m terra adentro.

Um dos poucos cientistas interessados em tsunamis no Brasil é o geofísico peruano Jesús Berrocal, 66, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP.

Ele está preparando para as usinas nucleares de Angra dos Reis (RJ) um estudo sobre o risco de tsunamis na costa leste do Brasil e agora foi convidado a apressá-lo.

Além disso, vai participar em Portugal de um evento em memória dos 250 anos do terremoto de 1755 em Lisboa, em que a maioria das mortes teria sido causada pela onda gigante que se seguiu -o único grande exemplo de tsunami no Atlântico.

Segundo Berrocal, o risco de uma tsunami no Brasil "é muito pequeno, mas não é zero".

O fato é que os tsunamis são muito raros no Atlântico, pois 80% delas ocorrem no Pacífico. Os dados indicam que ondas acima de 7,5 m ocorrem a intervalos médios de 15 anos, segundo informou o sítio news@nature. com.

Segundo o Centro Benfield de Pesquisa de Riscos de Londres, ondas de 10 m ou mais ocorrem só a cada mil anos no Atlântico Norte, no Caribe e no Índico (onde ocorreu a tragédia).

O tempo cai para 250 anos no caso do Alasca e da costa pacífica da América do Sul, e 200 anos, no do Havaí.

O maior tsunami de que se tem notícia também atingiu o Brasil, com ondas de 20 metros de altura arrasando o litoral do Nordeste. Felizmente não havia nenhum ser humano por lá: a tragédia ocorreu há 65 milhões de anos, no final da era dos dinossauros. Sua única memória está guardada em um paredão de calcário no litoral de Pernambuco, que seu descobridor quer ver preservado como monumento geológico nacional.

O megatsunami foi um dos efeitos imediatos da queda do asteróide que eliminou os dinossauros e mais metade da vida no planeta, encerrando a chamada Era Mesozóica e o reinado dos grandes répteis sobre a Terra.

No Brasil ele até que foi suave. Mas, nas imediações do local do impacto, a península de Yucatán, no México, formaram-se ondas de até 1 quilômetro de altura, que destruíram completamente o Haiti e partes do litoral mexicano e norte-americano.

O cataclismo foi tão grave –estima-se que o impacto tenha liberado, instantaneamente, uma energia equivalente a 10 mil vezes a explosão de todo o arsenal nuclear do planeta– que mudou a geologia do continente. Os escombros do maremoto foram preservados nas rochas da região afetada, o que tornou possível aos cientistas estabelecer o local da queda, a cratera de Chicxulub.

Maria Farinha

As primeiras evidências do tsunami no Brasil foram encontradas pelo geólogo Gilberto Athayde Albertão, da Petrobras. Estudando as rochas calcárias da chamada formação Maria Farinha, no litoral de Pernambuco e Paraíba, o cientista descobriu uma série de anomalias ligadas ao impacto que extinguiu os dinossauros e à onda monstruosa provocada por ele.

Trata-se do único local em toda a América do Sul onde foi encontrado um registro geológico da chamada fronteira K-T (Cretáceo-Terciá rio), o limite entre as eras marcado pelo choque do asteróide. Entender esse limite é fundamental para a compreensão de como evoluiu a vida na Terra, pois ele encerra uma das maiores extinções em massa da história.

As evidências da fronteira K-T têm sido encontradas em lugares tão diferentes quanto a Itália, a Dinamarca e a Nova Zelândia. Elas consistem principalmente em microesférulas (grãos de vidro microscópicos produzidos pelo calor do impacto e lançados na atmosfera), no chamado quartzo de impacto (cristais também transformados pelo choque) e em níveis anormais de irídio, um elemento químico raro trazido à Terra por meteoritos.

Tais pistas nunca haviam sido localizadas na África ou na América do Sul, o que levou alguns céticos a duvidar da hipótese da queda de asteróide como causadora da extinção dos dinossauros.

No meio dos anos 90, Albertão, então aluno de mestrado na Universidade Federal de Ouro Preto, se lançou à busca. “Achei que fosse estar procurando uma agulha no palheiro”, recorda-se. “Tinha todas as bacias sedimentares do país para procurar.”

Maremoto

O pesquisador foi levado a Pernambuco após o levantamento de todas as rochas suspeitas de abrigar a fronteira K-T na base de dados da Petrobras. Foi parar na pedreira Poty, uma mina de calcário a 2 quilômetros do mar no município de Paulista, perto de Recife.

O local já havia sido estudado por paleontólogos (especialistas em fósseis) da Universidade Federal de Pernambuco. E havia coisas estranhas ali: fósseis de foraminíferos, animais marinhos microscópicos cujas carapaças compõem a rocha calcária, eram substituídos por outras espécies de repente ao longo do paredão rochoso.

Uma análise química realizada nos EUA confirmou que, em um certo ponto da rocha, havia 69 vezes mais irídio do que no restante dela. E as microesférulas de vidro estavam lá.

Mas não foi só: Albertão também encontrou no nível das anomalias fragmentos de rocha e fósseis de vários tamanhos diferentes misturados à rocha, numa maçaroca que dava a impressão de que algum evento catastrófico havia revolvido completamente o fundo do mar –um maremoto.

Em um artigo científico publicado em 1996 no periódico “Sedimentary Geology”, Albertão calculou a altura e a velocidade das ondas capazes de produzir uma perturbação tão grande: 20 metros e 112 km/h. Agora, ele prepara uma descrição mais detalhada do tsunami, a ser publicada até 2007 num livro pela editora holandesa Elsevier.

O cientista tenta desde 2003 transformar o paredão da pedreira Poty num sítio do patrimônio geológico nacional. O comitê do patrimônio já aceitou a proposta. “Mas é preciso anuência da empresa e a sensibilização das autoridades locais para fazer um projeto de preservação ali”, conta.

Os resultados seriam bem parecidos com o que você viu na televisão, nas revistas e na internet desde o dia 26 de dezembro. Milhares de pessoas desabrigadas. Corpos sendo resgatados em alto-mar. Crianças órfãs, plantações destruídas e outra infinidade de mazelas que as catástrofes naturais têm uma habilidade única de provocar.

Mas um tsunami como o da Ásia é quase impossível de acontecer por aqui. Lá, a seqüência de ondas gigantes foi resultado de um terremoto provocado pelo movimento das placas tectônicas Australiana e Eurasiana. As placas tectônicas, encaixadas como num gigantesco quebra-cabeça, formam um manto sobre o magma, a camada do centro da Terra composta por rochas em estado fluido. 

Quando uma dessas placas raspa ou se encosta em outra, nós sentimos tremores nos continentes. Se isso ocorre no fundo do mar, a energia liberada forma uma onda, que vai se propagando até atingir terra firme. Foi exatamente o que ocorreu no sul da Ásia. “Já o Brasil, para nossa sorte, está localizado bem no centro de uma placa e, mesmo quando ela se move, provoca apenas abalos de pouca intensidade”, diz o professor de engenharia oceânica da UFRJ Paulo Cesar Rosman.

Acontece que terremotos no fundo do mar não são a única razão para o surgimento de um tsunami. Quedas de meteoros e erupções vulcânicas também podem gerar ondas gigantes. 

Nesses casos, a força do tsunami depende do tamanho do material que é arremessado ao mar. Se você acha que escapamos mais uma vez, engana-se. O pesquisador Steven Ward, da Universidade da Califórnia, é autor de um estudo sobre o impacto que uma erupção do vulcão Cumbre Vieja poderia causar nas Américas. O vulcão está localizado na ilha La Palma, no arquipélago das Ilhas Canárias, perto da costa africana. 

De acordo com Ward, uma próxima erupção pode fazer parte da ilha deslizar e cair no mar. Essa queda produziria uma energia tão grande que, em poucas horas, ondas gigantescas se formariam e destruiriam várias ilhas do Caribe, alguns estados americanos e o Norte e Nordeste brasileiros. “Ninguém sabe ao certo quando o Cumbre Vieja pode entrar em erupção”, diz o pesquisador americano. “Ele entrou em colapso há 550 mil anos. 

Desde então, reconstruiu- se e pode estar voltando novamente ao fim de seu ciclo.” Como o Brasil não tem sistema de alarme de tsunami, moradores e turistas seriam pegos de surpresa, repetindo as cenas trágicas que aconteceram no último ano na Ásia.
( Fonte : Click, PB)
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Saneamento Básico

Só 52,2% dos municípios coletam esgoto

Em todo o Brasil 33,5% dos domicílios contam com o serviço; volume de água distribuída sem tratamento sobe 191,3%

 

A pesquisa sobre saneamento básico, divulgada  pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), revela que apenas 52,2% dos municípios brasileiros têm serviço de coleta de esgoto.

O saneamento melhorou em relação a 1989, quando 47,3% das cidades contavam com o serviço.

A pesquisa também revelou que 97,9% dos municípios brasileiros têm serviço de abastecimento de água, 78,6% têm serviço de drenagem urbana e 99,4% têm coleta de lixo.

Os domicílios da região Norte do Brasil são os que menos têm coleta de esgoto. A pesquisa mostra que apenas 2,4% dos domicílios da região têm serviço de esgotamento sanitário. Em todo o Brasil, 33,5% dos domicílios têm coleta de esgoto.

A região que apresenta melhor atendimento é a Sudeste, onde 53% dos domicílios têm rede geral de esgoto.

ÁGUA - O brasileiro terminou a década de 90 com maior acesso a serviços de água, lixo, esgoto e drenagem, mas, em alguns casos, precisa se preocupar mais com a qualidade desses serviços. É o que mostra a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do IBGE.

Segundo o instituto, de 1989 para 2000 o volume de água distribuído por dia para os domicílios brasileiros aumentou 57,9%. O problema é que o volume de água com tratamento que chega às casas dos brasileiros cresceu 52,5%, enquanto o volume distribuído sem tratamento teve aumento de 191,3% em 11 anos.

Com isso, a porcentagem de água distribuída sem tratamento no Brasil cresceu de 3,9% para 7,2% do total. O problema é mais grave na região Norte, onde essa porcentagem chegou a 32,4% em 2000. O IBGE ressalta que o fato de a água não ser tratada não significa, necessariamente, que ela esteja contaminada.

Em mais da metade (52%) dos distritos brasileiros abastecidos por rede geral de água não é realizado controle da qualidade pelas Secretarias de Saúde. Os distritos são bairros oficialmente reconhecidos como tais pelos municípios.

Os dados foram levantados pelo IBGE em 2000 nas companhias ou órgãos públicos e privados responsáveis pelos serviços de saneamento. Eles revelam que o esgoto é a área onde há menor cobertura.

Quase a totalidade dos municípios brasileiros presta serviços de água (97,9%) e lixo (99,4%). No que diz respeito ao esgoto, no entanto, essa porcentagem é de apenas 52,2%, um crescimento muito pequeno em relação a 1989, quando 47,3% dos municípios tinham serviço de esgoto.

Como a empresa que atua no município nem sempre atende a todas as residências e estabelecimentos de uma cidade, a porcentagem de domicílios com rede de abastecimento de esgoto era menor ainda em 2000: apenas um terço dos domicílios (33,5%) eram atendidos. No Norte, essa porcentagem é de apenas 2,4%.

A pesquisa mostra também que, do volume total de esgoto coletado no Brasil, apenas 35,3% era tratado. Em 1989, essa porcentagem era de 19,9%.

Nos distritos onde não há tratamento, a grande maioria (84,6%) despeja o esgoto nos rios, o que pode prejudicar a qualidade da água. Naqueles onde não há sequer rede de coleta, 48% jogam o esgoto em fossas sépticas, solução considerada satisfatória para municípios de menor porte. Os demais usam fossas secas (42%), valas abertas (3,4%), lançamento em cursos d água (2,4%) ou outras opções.

O destino final do esgoto pode afetar a qualidade da água consumida mesmo quando ele é despejado em fossas, e não em rios, solução mais comum em municípios onde não há rede coletora.

Em distritos que utilizam fossas como destino final do esgoto, há também o aproveitamento de água subterrânea, que não é tratada. As fossas podem comprometer a qualidade dessa água, aumentando a quantidade de nitrato, o que pode causar até câncer", explica o engenheiro sanitarista Airson Medeiros da Silva, consultor da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental.

Para ele, é preciso fazer a ressalva de que o fato de a água não ser tratada não significa, necessariamente, que ela chegue contaminada às residências.

"SEM-NADA" - O retrato do saneamento no Brasil apontou uma curiosidade encontrada em nove municípios brasileiros. Neles, não há nenhum serviço de abastecimento de água, coleta de esgoto ou de lixo. Todas são cidades com menos de 10 mil habitantes, com exceção de Nova Esperança do Piriá, no Pará, que tem 18.893, de acordo com o censo populacional de 2000 do IBGE.

Cinco desses municípios se encontram no Maranhão, um no Pará, um em Rondônia, um em Santa Catarina e um no Rio Grande do Sul.

No caso da água, a principal solução encontrada pelos municípios sem abastecimento são os poços particulares, como acontece em Nova Esperança do Piriá (PA), ou chafarizes, bicas e minas, como acontece em Cachoeira Grande (MA).

Nesse caso, a população precisa se deslocar de sua casa para coletar a água e transportá-la para a residência.

Além desses municípios, os outros sete que compõem a lista dos "sem-nada" são Vale do Anari (RO), Amapá do Maranhão (MA), Fernando Falcão (MA), Junco do Maranhão (MA), Santo Amaro do Maranhão (MA), Santa Terezinha do Progresso (SC) e Monte Alegre dos Campos (RS).

No município de Ulianópolis (PA), também foi acusada a inexistência de serviços de saneamento pela Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do IBGE. No entanto, como os dados do Censo de 2000 mostram um grande número de domicílios na cidade onde havia rede de abastecimento de água e lixo, os técnicos do instituto preferiram não incluí-lo na lista dos "sem-nada."

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AQUIFERO ALTER DO CHÃO

Descoberto em 1958, o Aquífero Alter do Chão está ameaçado de ter suas  reservas de água privatizadas pelo Governo Federal. Até o momento este  é o maior aquífero do planeta com o dobro de volume de água do  Aquífero Guarani e corre o risco de ser estudado por grupos e empresas  estrangeiras. O Alter do Chão está situado nos Estados do Pará,  Amazonas e Amapá e tem um volume de água de 86 mil quilômetros  cúbicos, representando 8600 vezes o volume de óleo do Pré-Sal, 35,2  mil Baías da Guanabara e daria para abastecer 31,4 trilhões de  piscinas olímpicas. O Professor da Universidade Federal do Pará (UFPA)  o geólogo, Milton Matta, falou sobre esta descoberta da comunidade  científica da Amazônia, que desde de 1960 vem estudando este Aquífero.  Antes, a Petrobrás já tinha feito perfurações no local e achou esta  imensidão de recursos hídricos. Ele denuncia que a Agência Nacional de
Águas (ANA) está estudando uma licitação internacional para saber das  potencialidades do Alter do Chão e que isso não é necessário porque já  existe um estudo da academia e das universidades locais que tem um  grande conhecimento na matéria, bem como já foram publicados trabalhos  nas últimas décadas sobre o tema. Não deve haver uma concorrência com  empresas externas, segundo o geólogo e professor da UFPA, uma vez que  este Aquífero é localizado no território brasileiro mais  especificamente na Região Amazônica e não faz fronteira com outros  países limítrofes do Brasil. (Brasil de Fato nº381/Redação).

 

Governo Lula quer conter venda de terras no Brasil a estrangeiros O presidente Lula vai propor mudanças na Constituição para proibir a  compra de nossas terras por não brasileiros. Excelente. A terra tem  função social e estratégica para produção de riquezas e alimentos. A  África vem sofrendo há algum tempo essa invasão estrangeira e  progressivo avanço das plantations e, ao mesmo tempo, da fome.
Aglailton

 

Lula quer conter venda de terras a estrangeiros

A PEC teria poder para anular títulos já registrados por estrangeiros  a partir de uma data de corte a ser estabelecida O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu propor alterações à  Constituição para proibir a compra de terras brasileiras por  estrangeiros. Preocupado com o que considera um "abuso", o presidente  Lula determinou a retomada dos debates por um grupo de ministros e  auxiliares sob a coordenação da Casa Civil, que elabora uma Proposta  de Emenda Constitucional (PEC) com essa finalidade. A PEC teria poder  para anular títulos já registrados por estrangeiros a partir de uma  data de corte a ser estabelecida.
"Não queremos que comprem terras aqui. Não precisamos de estrangeiros  para produzir aqui. Essa é a política anunciada pelo presidente Lula",  revelou ao Valor o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme  Cassel. "Temos que proibir que eles tomem conta. As terras brasileiras  têm de ficar nas mãos de brasileiros, porque isso tem a ver com  segurança alimentar".
O governo avalia, desde 1998, alterar as regras para restringir a  aquisição de terras por estrangeiros no Brasil. A principal mudança  seria equiparar a empresa nacional de capital estrangeiro ao conceito  de companhia controlada por acionistas não residentes no país ou com  sede no exterior. Até agora, as compras de terras têm sido feitas com  base em um parecer da Advocacia-Geral da União, que dispensou  autorização para a aquisição de imóveis rurais em território nacional.  Até 1995, o Artigo nº 171 da Constituição, depois revogado, permitia a  distinção entre os dois conceitos. Uma lei de 1971 limitava os  investimentos estrangeiros a um quarto da área de cada município  brasileiro e previa que pessoas da mesma nacionalidade não podiam ser  donas de mais de 40% desse limite.
A preocupação de Lula tem fundamento em dados do Banco Central e do  Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Estatísticas inéditas do cadastro rural mostram que, até 2008, havia  4,04 milhões de hectares registrados por estrangeiros. São 34.218  imóveis concentrados no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo,  Bahia e Minas. De 2002 a 2008, o governo registrou grandes  investimentos estrangeiros em terras no país - US$ 2,43 bilhões,  segundo o BC. "Não sou xenófobo, mas nosso território é finito, a  população cresce e demanda comida", disse Cassel.

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TV Digital Brasileira Chega à Ásia (*)

O primeiro país asiático a aderir ao padrão digital nipo-brasileiro é as Filipinas. É significativo sempre ressaltar que a expansão do modelo nipo-brasileiro de TV digital é uma conquista da tecnologia brasileira que, a partir do modelo japonês desenvolveu o que hoje é considerado o mais avançado do mundo. Nem mesmo o Japão conta com um sistema tão avançado como o nipo-brasileiro já que os japoneses ainda não incorporaram os avanços introduzidos pelo Brasil. É que estes desenvolvimentos foram introduzidos quando o sistema japonês já estava estabelecido naquele país e agora serão necessárias modificações difíceis de implantar num mercado de 130 milhões de japoneses que foi suprido até agora com o sistema original.


Uma grande conquista foi a adesão do Chile que inicialmente estava comprometido com a implantação do sistema americano.Interessa nte é que o recém-eleito presidente chileno , Sebastián Piñera ,é dono de emissora de televisão, podendo avaliar na posição de empresário as vantagens do sistema nipo-brasileiro.

Cabe também registrar que se for confirmada a adesão da África do Sul será também uma significativa vitória já que , como sede da Copa do Mundo da Fifa 2010 aquele país teve de ser dotado com todo o aparato do que existe de mais avançado em tecnologia televisiva. Mas até agora não houve um comunicado oficial do governo0 daquele país a respeito da adesão ao sistema nipo-brasileiro, embora se saiba que negociações têm sido entaboladas.

Na América do Sul já confirmaram adesão Peru, Argentina, Chile, Venezuela, Equador, Costa Rica e Paraguai. Do Mercosul, por razões não divulgadas, só o Uruguai fica de fora por adotar o sistema europeu. Na América Central , segundo foi noticiado, a Nicarágua deverá confirmar adesão em julho numa visita ao Brasil do presidente Daniel Ortega.

Para os leigos vale esclarecer que quanto maior for o número de países que aderirem ao sistema nipo-brasileiro, mais possibilidade de barateamento da produção dos equipamentos de transmissão e recepção com o ganho de escala. Em outras palavras: quanto maior a expansão do nosso sistema, mais podemos nos vangloriar da nossa tecnologia televisiva e mais baratos serão os televisores digitais que as famílias brasileiras irão adquirir.

Didymo Borges

 

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AMAZÔNIA SENDO DESMATADA AO POUCOS

 

O sistema DETER – Detecção do Desmatamento em Tempo Real, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), registrou nos meses de março e abril, respectivamente, 51.79 km2 e 51.71 km2 de desmatamentos por corte raso ou degradação progressiva na Amazônia Legal, somando 103.5 km2.

A tabela abaixo mostra o total de desmatamentos verificados no bimestre pelo DETER para os estados da Amazônia Legal:
total de desmatamentos verificados no bimestre pelo DETER para os estados da Amazônia Legal, março-abril/2010

CineGeo
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